5 locais em Évora para explorar a diversidade de aves

Évora é uma cidade com uma rica história e cultura que para além de ser capital de concelho é também a capital do distrito. O distrito de Évora engloba catorze concelhos com uma grande diversidade de habitats que albergam um conjunto bastante interessante de aves. Com uma população residente de cerca de cento e cinquenta mil habitantes, segundo os censos de 2021 e uma área de mais de 7 000 km², tornando-o o segundo maior distrito português.

As sugestões que aqui partilhamos englobam diversos habitats que permitem a observação de espécies de aves florestais, aquáticas, rapinas e de áreas agrícolas. A diversidade natural da região Alentejo, contribui para a abundância e variedade de aves em Évora.

A oferta de alojamento é vasta e não entramos em detalhes mas a cidade de Évora é um excelente ponto de partida para a realização dos passeios aqui sugeridos.

Estes locais são ótimos para iniciantes, que para além do entusiasmo será necessário um par de binóculos e um guia de identificação de aves. Nos dias que correm os livros tendem a ser substituídos por aplicações no telefone. Mas no fundo o que interessa é que tenha ao seu dispor algo que o ajude a identificar as várias espécies de aves que observar. Pode optar por ir num dos nossos passeios para observação de aves, acompanhado por um guia local especializado ou ir por conta própria.

Albufeira do Divor

A barragem do Divor foi construída em 1965 sob o rio Divor e situa-se no município de Arraiolos. É um local muito procurado por aficionados da pesca. Recentemente foram colocados dois observatórios para observação de aves, na antiga Antiga Central Elevatória de Águas da Albufeira do Divor e estão a ser realizadas obras de melhoramento junto ao paredão.

O acesso à albufeira pode ser feito de duas formas, pela Igrejinha, que dá acesso ao paredão. Aproveite para explorar o plano de água com a ajuda de um telescópio e também o percurso recente que percorre a zona florestal a jusante do paredão. Aqui pode encontrar várias espécies de passeriformes que variam consoante a época do ano. Muitas vezes ocultas na vegetação tente escutar o rouxinol-bravo (Cettia cetti), a escrevedeira-de-garganta-preta (Emberiza cirlus) ou o esquivo bico-grossudo (Coccothraustes coccothraustes).

A outra forma de acesso à albufeira faz-se pela estrada municipal M-527 entre Évora e a Graça do Divor através de um caminho rural ao lado da antiga linha de caminho de ferro, agora transformada em ecopista. O próprio caminho rural de acesso à Antiga Central Elevatória de Águas da Albufeira do Divor é muito interessante e deve ser percorrido lentamente com paragens frequentes para procurar aves.

Ao chegar ao final do caminho, pode visitar os observatórios de aves entrando no recinto e descendo pelo caminho à direita das antigas instalações.

Nas margens da albufeira podem ser encontradas pequenas limícolas como o borrelho-de-coleira-interrompida (Anarhynchus alexandrinus) ou o borrelho-pequeno-de-coleira (Charadrius dubius). Outras espécies de limícolas, como o pilrito-queno (Calidris minuta) são observadas na albufeira, por isso deve estar atento e percorrer as margens com atenção. O número de espécies de aves varia ao longo do ano e podem ser observadas várias espécies de patos, como o Frisada (Anas strepera), a Piadeira (Mareca penelope) no Inverno ou ocasionalmente a Pêrra (Aythya nyroca). O mergulhão-de-crista (Podiceps cristatus) tem presença regular ao longo do ano. Nesta zona foram registadas 170 espécies de aves ao longo dos últimos anos.

Quando aceder à área da albufeira deve manter as cercas fechadas para evitar a fuga do gado.

Planícies de Évora

Parte das planícies a sul da cidade de Évora, outrora utilizadas principalmente para produção de cereais, foram classificadas como Zona de Proteção Especial ao abrigo da Rede Natura 2000 em fevereiro de 2008, pela sua importância como área de ligação entre áreas importantes para a conservação de aves estepárias a Sul e a Norte. Com uma área total de cerca de 14 700ha é na sua maioria propriedade privada de acesso é condicionado e utilizada para a criação de gado bovino.

Fora da área da ZPE existem área com as mesmas características em que é possível observar aves, mas que estão sujeitas a alterações no uso agrícola. Percorrendo o caminho agrícola entre a povoação de São Mansos e a estrada municipal M521 podem ainda ser observadas diversas espécies de espaços abertos, como a calhandra-real (Calandra melanocorypha), o peneireiro-cinzento (Elanus caeruleus) ou a cada vez mais rara abetarda (Otis tarda).

Outra opção é seguir pela estrada nacional N254 em direção a Viana do Alentejo e tendo atenção ao trafego podem ser feitas paragens para percorrer os pousios e pastagens em busca de aves.

Seguindo pela estrada em direção às Alcáçovas percorrem-se zonas abertas e de montado de azinho com a possibilidade de fazer paragens para tentar observar o francelho (Falco naumanni) que nidifica perto da linha do comboio ou para observar o colhereiro (Platalea leucorodia) numa pequena albufeira ao lado da estrada e antes de chegar à povoação de São Brás do Regedouro. Atravessando esta povoação transformada recentemente em turismo de aldeia, pode aceder a áreas abertas onde é possível observar várias espécies de passeriformes de campos abertos como a cotovia-de-crista (Galerida cristata) ou a cotovia-montesina (Galerida theklae) e no Inverno a petinha-dos-prados (Anthus pratensis) e a Laverca (Alauda arvensis). Estas áreas de pastagem são também locais de alimentação de diversas rapinas, como a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), o milhafre-preto (Milvus migrans) e o milhafre-real (Milvus milvus) ou a águia-calçada (Hieraaetus pennatus).

Rio Degebe

Este é um dos mais importantes afluentes do rio Guadiana e parte do seu curso encontra-se sob influência da albufeira do Alqueva. O acesso a esta área é difícil mas é um local com bastante diversidade de aves, principalmente, aquáticas.

Entre Évora e a povoação da Vendinha, pode aceder à antiga ponte do Albardão que atravessa o rio Degebe e explorar a área. Após a construção da nova travessia do rio, a antiga ponte passou a ser um local bastante tranquilo para a observação de aves. A galeria ripícola frondosa esconde diversos passeriformes como o chapim-azul (Cyanistes caeruleus), o chapim-rabilongo (Aegithalos caudatus), o Charneco (Cyanopica cooki) ou o Guarda-rios (Alcedo atthis). Esteja atento aos diversos cantos e chamamentos e tende localizar a Cotovia-das-árvores (Lullula arborea) ou a Trepadeira-do-sul (Certhia brachydactyla).

Serra de Monfurado

A Serra de Monfurado localiza-se nos concelhos de Évora e Montemor-o-Novo e tem uma altitude máxima de 420 metros. Devido à sua privilegiada localização geográfica apresenta um rico património natural, dominado por montados de sobro e azinho em boas condições de conservação, podendo ainda encontrar-se o carvalho-cerquinho e o carvalho-negral (Quercus pyrenaica) .

Esta serra integra a rede Natura 2000 desde julho de 2000 pela importância que apresenta para a conservação de habitats e espécies selvagens raras, ameaçadas ou vulneráveis na União Europeia.

A nível de aves é possível observar um conjunto muito diversificado desde o Picanço-barreteiro (Lanius senator), a Felosinha-ibérica (Phylloscopus ibericus), a Trepadeira-azul (Sitta europaea) ou o Rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus). Em termos de rapaces pode ser observado o bútio-vespeiro-ocidental (Pernis apivorus), a águia-calçada (Hieraaetus pennatus) ou a águia-cobreira (Circaetus gallicus).

A Serra de Monfurado dispõe de uma rede de percursos ambientais que percorrem a serra. A Câmara Municipal de Évora dispõe de um sítio na internet onde disponibiliza informação sobre os vários percursos ambientais, incluindo os Percursos de Monfurado.

Granja

A aldeia da Granja, com uma população de pouco mais de 600 habitantes fica localizada no extremo sudeste do distrito de Évora, junto à fronteira com Espanha. “É uma típica aldeia alentejana, caiada de branco, onde se pode respirar história e conhecimento através da vincada identidade cultural da povoação” (fonte: Junta de Freguesia da Granja).

Com enchimento da albufeira do Grande Lago esta aldeia passou a ser considerada uma das Aldeias Ribeirinhas de Alqueva, onde é possível ser observadas algumas espécies de meios aquáticos como o Tagaz (Gelochelidon nilotica) ou algumas espécies de anatídeos. Mas o interesse avifaunístico da zona é anterior à albufeira por ser uma zona fronteiriça onde predomina o montado de azinho e as altas temperaturas no Verão. Mas são essas características que tornam a zona interessante do ponto de vista ornitológico. A ocorrência diária de abutre-preto (Aegypius monachus) ou grifo (Gyps fulvus) é uma constante, bem como a possibilidade de observar a águia-real (Aquila chrysaetos) ou águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti).

Perto da aldeia da Granja existem dois caminhos muito interessantes para a observação de aves, um a Norte e outro a Sul, em ambos poderá ter uma das melhores experiências ornitológicas. Dependendo da altura do ano pode ser observado o picanço-barreteiro (Lanius senator), a calhandrinha-galucha (Calandrella brachydactyla), o chasco-ruivo-ocidental (Oenanthe hispanica), o pardal-francês (Petronia petronia), a felosa-do-mato (Curruca undata) ou a muito esquiva toutinegra-real-ocidental (Curruca hortensis). No Inverno esta zona ganha um interesse especial com a presença do grou-comum (Grus grus) que se podem observar nestes campos.

Viva a emoção de explorar a avifauna local

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